PARCERIA: FUNDAÇÃO MUSSAMBÊ E O SEBRAE/CE – JUAZEIRO DO NORTE
A Fundação Mussambê elaborou relatório de atividades realizadas em parceria com o SEBRAE, no ano de 2009.
O Projeto Redes Integradas de Comercialização de Produtos Extrativistas da Região do Araripe, em municípios do entorno da FLONA ARARIPE/CE envolve um conjunto de ações integradas para um maior fortalecimento organizacional de comunidades extrativistas (fava d’anta, pequi e babaçu),
Adota-se, no Projeto, o termo Rede Associativa, entendido como uma forma de organização que congrega pessoas para a realização de um empreendimento de geração de trabalho e renda, na perspectiva de elevar os níveis socioeconômico, ambiental e cultural dos indivíduos envolvidos.
Nesse sentido, a organização de agricultores (as) familiares extrativistas,
A compreensão que se tem de RANS, como forma de organização de grupos de fornecedores primários, parte dos seguintes princípios: cooperativismo solidário, comércio justo, participação, organização, respeito, espírito empreendedor, responsabilidade, formação e preservação do meio ambiente.
O Projeto contempla, inicialmente, as cadeias da fava d’anta, pequi e babaçu. Essas cadeias apresentam contextos bem distintos, embora envolvam os mesmos sujeitos:
1.1 Caracterização da Cadeia do Pequi
A espécie do pequi (Caryocar coriaceum) é a única representante da família Caryocaraceae
Dentre os principais problemas, que têm impedido um desenvolvimento maior da cadeia produtiva do pequi, na biorregião do Araripe, podem ser destacadas as dificuldades de comercialização do fruto por um preço mais elevado, no período de “pique” da safra; a comercialização dos óleos produzidos, em razão da sua má qualidade, a desorganização das comunidades coletadoras, a falta de capacitação e o acompanhamento mais continuado.
Na realidade, cada família, individualmente, comercializa os produtos (pequi in natura e óleo, extraído da polpa). Em se tratando do óleo, este é produzido artesanalmente e em péssimas condições higiênicas. O processo de produção envolve em torno de 12 horas. Neste processo, para a obtenção de 01 litro de óleo necessita-se de 1.000 caroços de pequi. O litro de óleo é comercializado entre R$ 10,00 e R$ 15,00. Já o preço de pequi in natura, no período de pique da safra, varia entre R$ 1,00 e R$ 2,00 o cento.
DESAFIOS |
§ Ampliar a capacidade produtiva das agroindústrias de beneficiamento do pequi (Jardim e Crato) |
§ Aperfeiçoar as tecnologias de aproveitamento do pequi |
§ Organizar a comercialização de forma coletiva |
§ Melhorar as condições de trabalho dos extrativistas do pequi |
§ Padronização dos preços de venda do pequi |
1.2 Caracterização da Cadeia da Fava D’anta
A fava d’anta ou faveira (Dimorphandra mollis Bth ou Dimorphandra gardineriana) é uma planta nativa do Brasil, com ocorrência significativa na Chapada do Araripe, região sul do Estado do Ceará. Essa leguminosa tem como princípio ativo a rutina, um bioflavonóide que diminui a permeabilidade dos glóbulos vermelhos e protege a vitamina “C” contra a oxidação, sendo empregada como anti-hemorrágica.
Na região do Cariri, a fava d’anta é comercializada há mais de 20 anos pela empresa MERCK S.A. Chega-se a comercializar por safra entre 400 a 600 toneladas. Ressalta-se que a fava d’anta desta região apresenta o mais alto teor de rutina do país (pesquisa realizada pela MERCK S.A/ 2006)
Em 2006, a Fundação Mussambê, com o apoio da Fundação Banco do Brasil e da MERCK S.A desenvolveu umas experiências de organização de Redes Associativas de Negócios Solidárias da Fava d’anta, nos municípios de Crato e Jardim. As comunidades selecionadas, através das associações de moradores, foram contempladas com infraestrutura necessária (terreiro de secagem, balanças e logística de transporte) para realizar todo o processo de coleta, secagem e comercialização do produto.
Foram obtidos como resultados maiores, advindos da experiência: melhoria na renda dos agricultores(as) familiares coletadores(as); maior nível de organização dos coletadores(as); maior inserção no mercado; desenvolvimento de estratégias de comercialização do produto; e minimização das figuras do corretor e atravessador.
DESAFIOS |
§ Disseminação da experiência em outras comunidades |
§ Garantir maior infraestrutura para as comunidades organizadas |
§ Ampliar o mercado |
§ Desenvolver tecnologias de maior aproveitamento do produto |
§ Maior qualificação dos coletadores (as) |
1.3 Caracterização da Cadeia do Coco Babaçu
O babaçu é uma palmeira nativa das regiões Norte, Nordeste e Centro Oeste do Brasil, que abrange entre 13 e 18 milhões de hectares, distribuídos nos estados do Maranhão, Piauí, Tocantins, Goiás, Mato Grosso, Amazonas, Pará, Rondônia, Ceará, Bahia e Minas Gerais, abrangendo 279 municípios. Algumas Reservas Extrativistas se destacam em função da ocorrência e uso do babaçu na economia local, a exemplo da RESEX Ciriaco, Mata Grande, Frexal e Chapada Limpa no MA, e Extremo Norte no TO.
O babaçu ocorre em uma zona de transição entre as florestas úmidas da bacia amazônica e as terras semi-áridas do Nordeste. Apesar de ocorrer em diversos estados, o Maranhão concentra cerca de 10 milhões de hectares, e junto com o Piauí, apresenta zonas de alta densidade, com populações superiores a 200 palmeiras por hectare. É uma palmeira que atinge cerca de 20 m de altura, começa a frutificar com 8 a 10 anos de vida, alcançando plena produção aos 15 anos, e tem uma vida média de 35 anos. Produz o ano todo, de 3 a 6 cachos de frutos, cada cacho possui cerca de 150 a 300 cocos e cada coco possui em média 3 amêndoas no seu interior.
As potencialidades do babaçu são inúmeras, da geração de energia ao artesanato, diversas atividades econômicas podem ser desenvolvidas a partir da planta. Dentre as partes desta, o fruto tem o maior potencial econômico para aproveitamento tecnológico e industrial, podendo produzir cerca de 64 produtos, tais como carvão, etanol, metanol, celulose, farináceas, ácidos graxos, glicerina, porém basicamente o carvão e o óleo têm sido produzidos em escala comercial. (Promoção Nacional da Cadeia de Valor do Coco Babaçu Brasília – 2009 / Ministério do Desenvolvimento Agrário/Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome/Ministério do Meio Ambiente)
O aproveitamento do babaçu, na região do Cariri-CE, principalmente nos municípios de Barbalha, Crato e Missão Velha vem sendo praticado desde os povos indígenas, que já faziam uso do fruto tanto para se alimentar como para outras finalidades. Atualmente, encontram-se preservados cerca de seis mil hectares de área com babaçuais, correspondente a 60% do que restou das palmeiras.
Diferente de décadas passadas, poucas famílias produzem o óleo artesanalmente. Preferem vender o coco in natura para a queima em fornos de cerâmicas e padarias. O coco é queimado com a amêndoa, resultando numa perda dos subprodutos.
Na região vêm sendo desenvolvidas algumas experiências pela Fundação Mussambê de agroindústrias de introdução de tecnologias de aproveitamento total do coco babaçu. Foram desenvolvidos maquinários de fácil manuseio e acesso, para o corte do coco babaçu e a extração de óleo com o conseqüente aproveitamento de subprodutos (a torta para ração animal, produção de carvão e de artefatos a partir do mesocarpo).
DESAFIOS |
Fomento a agroindústrias de base familiar para aproveitamento integral do coco |
Fomento e crédito para formação de capital de giro para associações e cooperativas |
Maior integração entre todos os atores envolvidos na cadeia do coco babaçu, do coletador primário, passando pelos corretores, atravessadores aos donos de empresas, que compram o coco inteiro para a sua queima em caldeiras |
Desenvolver tecnologias de maior aproveitamento do produto |
Formação e assistência técnica (contábil, gestão e produção) |
A perspectiva maior com o desenvolvimento das ações é que as comunidades realizem novos empreendimentos rurais, que lhes garantam novas oportunidades de trabalho e ocupação durante todo o ano, minimizando o êxodo rural e melhorando a sua renda, garantindo uma viabilidade sócio-econômico-solidária das atividades e uma maior preservação do meio ambiente. Daí a sua grande relevância como alternativa sustentável local. Neste sentido, o Projeto dá-se de forma integrada às outras atividades produtivas, oferecendo orientações/qualificações para o maior desenvolvimento de estratégias, tendo em vista a obtenção da total independência no processo de comercialização, beneficiando o mesmo público envolvido nas cadeias do pequi, fava d’anta e babaçu .
As ações desenvolvidas, no âmbito do Projeto Redes Integradas de Comercialização de Produtos Extrativistas da Região do Araripe, em municípios do entorno da FLONA ARARIPE/CE apresentam como resultado maior a reanimação/motivação das comunidades para uma retomada de trabalhos comunitários, pautado em novas relações, dentre as quais destacam-me a cooperação e a descentralização.
Mais de 200 pessoas (extrativistas) foram beneficiadas com as ações, oriundas dos municípios de Jardim (Cacimbas e Serra da Boa Vista), Crato (Sítio Maracujá e Sítio São José) e Nova Olinda (Serra do Zabelê).
A prioridade por estas comunidades deu-se em razão da proximidade das safras do pequi e da fava d’anta. Considerando os principais desafios enfrentados, no âmbito da cadeia destes produtos, foram realizadas as ações, principalmente de consultorias e de capacitação.
Faz-se importante destacar que o Projeto suscitou novos debates, integrando instituições de matizes diversas, sobre “gargalos” que perduram há décadas, envolvendo as cadeias do pequi, fava d’anta e coco babaçu.
Coloca-se também como bastante positivo, a busca das comunidades atendidas por novos empreendimentos de fortalecimento às atividades, através de elaboração de projetos, destacando-se: a) Cacimbas: Projeto de Ampliação da Agroindústria de Beneficiamento do Pequi/FECOP; b) Projeto de Implantação de Sistema de Produção Agroecológica Integrada Sustentável – PAIS.
CAPACITAÇÕES/CONSULTORIAS
· Comunidade São José (Crato)
COMUNIDADE DE CACIMBAS (Jardim)
COMUNIDADE SERRA DA BOA VISTA (Jardim)
COMUNIDADE DA SERRA DO ZABELÊ (Nova Olinda)
COMUNIDADE BAIXA DO MARACUJÁ (Crato)
CURSO SOBRE REDES ASSOCIATIVAS DE NEGÓCIOS SOLIDÁRIOS – RANS (Crato)
SEMINÁRIO
EXTRATIVISMO SUSTENTÁVEL DO COCO BABAÇU NA REGIÃO DO CARIRI
2 comentários:
DENÚNCIA: SÍTIO CALDEIRÃO, O ARAGUAIA DO CEARÁ – UMA HISTÓRIA QUE NINGUÉM CONHECE PORQUE JAMAIS FOI CONTADA…
“As Vítimas do Massacre do Sítio Caldeirão
têm direito inalienável à Verdade, Memória,
História e Justiça!” Otoniel Ajala Dourado
O MASSACRE APAGADO DOS LIVROS DE HISTÓRIA
No município de CRATO, interior do CEARÁ, BRASIL, houve um crime idêntico ao do “Araguaia”, foi o MASSACRE praticado por forças do Exército e da Polícia Militar do Ceará no ano de 1937, contra a comunidade de camponeses católicos do Sítio da Santa Cruz do Deserto ou Sítio Caldeirão, que tinha como líder religioso o beato “JOSÉ LOURENÇO”, paraibano de Pilões de Dentro, seguidor do padre Cícero Romão Batista, encarados como “socialistas perigosos”.
O CRIME DE LESA HUMANIDADE
O crime iniciou-se com um bombardeio aéreo, e depois, no solo, os militares usando armas diversas, como fuzis, revólveres, pistolas, facas e facões, assassinaram mulheres, crianças, adolescentes, idosos, doentes e todo o ser vivo que estivesse ao alcance de suas armas, agindo como se fossem juízes e algozes.
A AÇÃO CIVIL PÚBLICA AJUIZADA PELA SOS DIREITOS HUMANOS
Como o crime praticado pelo Exército e pela Polícia Militar do Ceará foi de LESA HUMANIDADE / GENOCÍDIO / CRIME CONTRA A HUMANIDADE é considerado IMPRESCRITÍVEL pela legislação brasileira bem como pelos Acordos e Convenções internacionais, e por isso a SOS – DIREITOS HUMANOS, ONG com sede em Fortaleza – Ceará, ajuizou no ano de 2008 uma Ação Civil Pública na Justiça Federal contra a União Federal e o Estado do Ceará, requerendo que: a) seja informada a localização da COVA COLETIVA, b) sejam os restos mortais exumados e identificados através de DNA e enterrados com dignidade, c) os documentos do massacre sejam liberados para o público e o crime seja incluído nos livros de história, d) os descendentes das vítimas e sobreviventes sejam indenizados no valor de R$500 mil reais, e) outros pedidos
A EXTINÇÃO SEM JULGAMENTO DE MÉRITO DA AÇÃO
A Ação Civil Pública inicialmente foi distribuída para o MM. Juiz substituto da 1ª Vara Federal em Fortaleza/CE e depois, redistribuída para a 16ª Vara Federal na cidade de Juazeiro do Norte/CE, e lá chegando, foi extinta sem julgamento do mérito em 16.09.2009 a pedido do MPF.
AS RAZÕES DO RECURSO DA SOS DIREITOS HUMANOS PERANTE O TRF5
A SOS DIREITOS HUMANOS apelou para o Tribunal Regional da 5ª Região em Recife, com os seguintes argumentos: a) não há prescrição porque o massacre do Sítio Caldeirão, é um crime de LESA HUMANIDADE, b) os restos das vítimas do Sítio Caldeirão não desapareceram da Chapada do Araripe a exemplo da família do Czar Romanov, que foi morta no ano de 1918 e encontrada nos anos de 1991 e 2007;
A SOS DIREITOS HUMANOS DENUNCIA O BRASIL PERANTE A OEA
A SOS DIREITOS HUMANOS, a exemplo dos familiares das vítimas da GUERRILHA DO ARAGUAIA, denunciou no ano de 2009, o governo brasileiro na Organização dos Estados Americanos – OEA, pelo desaparecimento forçado de 1000 pessoas do Sítio Caldeirão.
QUEM PODE ENCONTRAR A COVA COLETIVA
A “URCA” e a “UFC” com seu RADAR DE PENETRAÇÃO NO SOLO (GPR) podem encontrar a cova coletiva, e por que não a procuram? Serão os fósseis de peixes procurados na Chapada do Araripe mais importantes que os restos mortais das vítimas do SÍTIO CALDEIRÃO?
COMISSÃO DA VERDADE ATRAVÉS DO PROJETO CORRENTE DO BEM
A SOS DIREITOS HUMANOS solicita apoio técnico para encontrar a COVA COLETIVA, também que o internauta divulgue esta notícia em seu blog, e o envie para seus representantes no Legislativo, solicitando um pronunciamento exigindo do Governo Federal que informe a localização da COVA COLETIVA das vítimas do Sítio Caldeirão.
Paz e Solidariedade,
Dr. OTONIEL AJALA DOURADO
OAB/CE 9288 – 55 85 8613.1197
Presidente da SOS – DIREITOS HUMANOS
Membro da CDAA da OAB/CE
http://www.sosdireitoshumanos.org.br
Sou do Rio de Janeiro. Tenho interesse em comprar óleo de babaçu. Os Senhores entregariam aqui no Rio via Correios
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